Os cães são há muito conhecidos como os melhores amigos do homem, mas o que muitos talvez não sabem é que o seu incrível sentido de olfato pode também salvar vidas. Graças à sua capacidade olfativa extraordinária, estes animais têm sido utilizados para detetar várias doenças, incluindo a Covid-19, a tuberculose e até flutuações nos níveis de glicemia de pessoas com diabetes.
A potência do olfato canino: uma verdadeira máquina de deteção
O olfato dos cães é uma ferramenta poderosa e única. Segundo a veterinária Rita Ericson, estes animais possuem uma capacidade olfativa cerca de 100 mil vezes superior à dos humanos. Para ter uma ideia, enquanto os humanos têm cerca de 6 milhões de recetores olfativos, os cães têm entre 200 a 300 milhões, dependendo da raça. Esta diferença astronómica faz com que os cães sejam especialmente sensíveis a odores que nós, humanos, nem sequer conseguimos perceber.
Este sentido apurado está a ser explorado para a deteção de doenças, com resultados surpreendentes. De acordo com a especialista, em alguns aeroportos, por exemplo, já se utilizam cães para identificar passageiros infetados com Covid-19. Os resultados são impressionantes, com uma taxa de precisão de 99%. Os cães treinados para esta tarefa conseguem cheirar cada pessoa que passa pelo desembarque e, através de comandos simples, como deitar-se ou levantar a pata, indicam quem deve ser testado.
Deteção de doenças: mais do que uma habilidade natural
O treino para detetar doenças envolve a capacidade dos cães de distinguir odores específicos que estão relacionados com mudanças no corpo humano. Em casos de tuberculose, por exemplo, os cães são capazes de identificar a doença antes mesmo dos sintomas se manifestarem de forma evidente. E não se trata apenas de Covid-19 ou tuberculose – os cães também podem detetar alterações nos níveis de glicose no sangue de pessoas com diabetes. Alguns cães de assistência são treinados especificamente para este fim, alertando os seus donos antes de uma hipoglicemia ou hiperglicemia severa, o que pode prevenir situações de emergência.
Além disso, há relatos de cães que conseguem prever convulsões. Nestes casos, os animais identificam mudanças subtis no odor corporal da pessoa antes do ataque, dando tempo para que medidas de prevenção sejam tomadas.
Instintos surpreendentes: gravidez e outras mudanças
Outro fenómeno fascinante é a capacidade dos cães de perceberem alterações no corpo das suas tutoras que indicam uma gravidez. Mesmo sem qualquer treino, há relatos de cães que demonstram comportamentos diferentes, como uma maior atenção à barriga ou ao peito das mulheres grávidas, muito antes de estas saberem que estavam à espera de um bebé. Estas alterações hormonais provavelmente produzem odores que são captados pelos cães, tornando-os conscientes de algo que nós, humanos, ainda não identificámos.
O futuro da medicina com a ajuda dos cães
À medida que a ciência e a medicina avançam, o papel dos cães na deteção de doenças tem ganho cada vez mais reconhecimento. Apesar de, atualmente, os cães serem amplamente utilizados em áreas como a segurança e o resgate, o seu potencial como parceiros no diagnóstico médico é ainda subaproveitado. O olfato dos cães pode vir a ser uma ferramenta complementar aos métodos de diagnóstico tradicionais, oferecendo uma alternativa rápida, precisa e não invasiva para identificar várias doenças.
Conforme a veterinária Rita Ericson destacou, os cães têm uma “capacidade olfativa absurda”, e os benefícios desta parceria entre humanos e cães estão apenas a ser explorados. É provável que, num futuro próximo, vejamos uma maior integração dos cães farejadores em hospitais, clínicas e outros ambientes de saúde, aproveitando as suas habilidades incríveis para detetar doenças e melhorar a vida das pessoas.
Desde a deteção precoce de doenças graves como a Covid-19 e a tuberculose, até ao reconhecimento de alterações subtis nos níveis de glicemia ou até uma gravidez, os cães demonstram diariamente que o seu focinho é uma das ferramentas mais poderosas da natureza.