Se há algo que todos os tutores de cães sabem, é que os amigos de quatro patas têm um talento especial para encontrar problemas onde menos se espera. Mas, e quando o problema não vem de um buraco no jardim ou de um sapato “redecorado”? Pois bem, hoje falamos da famosa Tosse do canil – uma doença respiratória bastante frequente.
A veterinária Filipa Guilherme explica-lhe tudo no novo episódio de ‘Veterinário de Serviço’, aqui!
O que é, afinal, a tosse do canil?
Antes de imaginar o seu cão a tossir como se estivesse a protagonizar uma novela, é importante perceber que a tosse de canil é uma infeção respiratória altamente contagiosa, muito comum em locais onde vários cães convivem, como hotéis para cães, creches caninas ou até exposições. Basicamente, é o equivalente canino à gripe que tantas vezes circula entre humanos no inverno.
Esta condição é causada por uma combinação de vírus e bactérias, conhecida pelo nome técnico de Traqueobronquite Infecciosa Canina. No entanto, no dia-a-dia, é chamada de tosse do canil porque… é exatamente isso: uma tosse seca, persistente e nada agradável.
Como é que os cães apanham esta “gripe”?
Imagine um hotel para cães. Chegam todos felizes, a abanar a cauda, a “cumprimentar-se” cheirando-se uns aos outros, e pronto! Bastam umas partículas no ar para que a infeção comece a espalhar-se.
Tal como os humanos partilham constipações em escritórios ou escolas, os cães também partilham praticamente tudo – até vírus e bactérias. E não há máscara ou “higiene das patas” que os impeça.
Sintomas: quando deve preocupar-se?
O principal sintoma é, sem dúvida, a tosse seca e insistente. Muitas vezes, parece que o cão está a tentar expulsar algo preso na garganta. É comum os tutores confundirem este som com um engasgamento, mas a tosse de canil tem um som muito característico: rouco e repetitivo.
Outros sintomas que podem surgir incluem:
- Febre baixa, que pode passar despercebida;
- Espirros ou corrimento nasal;
- Letargia, embora alguns cães pareçam sempre em modo “preguiça”;
- Perda de apetite, o que é um verdadeiro alerta, especialmente para os cães mais gulosos.
Tratar ou ignorar?
A boa notícia é que a tosse de canil geralmente desaparece sozinha ao fim de uma a duas semanas, desde que o animal esteja saudável e bem cuidado. A má notícia? Pode ser irritante ouvir a tosse constante durante todo esse período.
Deve procurar o veterinário se:
- A tosse durar mais de duas semanas;
- Houver sinais como febre alta ou secreções espessas;
- O seu cão apresentar uma grande apatia ou recusar comida (este é um sinal de alerta que nunca deve ser ignorado).
O tratamento pode incluir antibióticos para combater as bactérias, xaropes específicos ou simplesmente um bom período de descanso. Em casa, o seu cão pode precisar de um “tratamento VIP” – afinal, repousar como um rei é algo que ele já domina.
Prevenir: vale a pena?
Sim, e é muito mais simples do que lidar com o problema depois de ele surgir. Existem vacinas que protegem contra os principais agentes causadores da tosse do canil, como a Bordetella bronchiseptica. Se o seu cão frequenta locais movimentados ou adora socializar (aquele típico “extrovertido” do parque), vaciná-lo é quase obrigatório.
Além disso:
- Evite levar o cão a locais com surtos conhecidos;
- Garanta uma boa alimentação para manter o sistema imunitário forte;
- Lembre-se de que prevenir é sempre mais económico e menos stressante do que tratar, tanto para si como para o animal.
Se o seu cão começar a tossir, mantenha a calma. Embora seja uma condição desagradável, raramente é grave. Com os cuidados adequados, ele estará de volta à sua rotina de brincadeiras e sestas num piscar de olhos!
E não se esqueça: partilhar a vida com um cão significa acumular histórias – e a tosse do canil será apenas mais um episódio divertido (ou nem tanto) da maravilhosa aventura de ter um amigo peludo.