Afinal, a chave para conquistar a atenção dos cães não é apenas o tom de voz infantil – o segredo está na forma como falamos! Um estudo recente da Universidade de Genebra, na Suíça, revelou que a velocidade com que nos dirigimos aos nossos patudos pode ser o truque para melhorar a comunicação e fortalecer a ligação com eles. Esqueça a pressa! Falar de forma mais pausada pode fazer toda a diferença.

Já todos nós, donos de cães, passámos pela experiência de repetir comandos até que, por fim, os nossos amigos de quatro patas obedecem. E, sem darmos conta, ao repetirmos o comando, tendemos a falar mais devagar. Segundo esta nova pesquisa, essa desaceleração é precisamente o que os ajuda a compreender melhor o que queremos. Quanto mais devagar falamos, mais facilmente os cães interpretam as nossas palavras e, como resultado, respondem com mais rapidez.

A autora principal do estudo, Eloïse Déaux, e a sua equipa investigaram este fenómeno analisando vocalizações de 30 cães e comparando-as com a fala humana. Os resultados foram fascinantes: enquanto os humanos falam em média quatro sílabas por segundo, os cães emitem sons (como latidos ou rosnados) numa cadência muito mais lenta, cerca de duas vocalizações por segundo. Esta diferença sugere que os nossos amigos caninos beneficiam de um ritmo mais tranquilo nas interações verbais.

O estudo envolveu ainda uma análise às reações cerebrais dos cães. Quando os humanos falavam a uma velocidade de cerca de três sílabas por segundo – mais devagar do que o habitual –, os cães mostraram-se mais atentos e seguiram mais eficazmente as instruções. A fala desacelerada é, portanto, uma forma mais eficiente de os nossos patudos processarem as nossas palavras.

Mas e o famoso “tom de bebé”?
Embora falar num tom agudo e fofinho capte a atenção dos cães, o verdadeiro trunfo está na combinação desse tom com uma fala mais pausada. Tal como já foi demonstrado em estudos anteriores, os cães tendem a preferir as vozes femininas. Este fenómeno foi estudado em 2023, quando investigadores examinaram a atividade cerebral de cães enquanto ouviam diferentes tipos de discursos – uns dirigidos a cães, outros a crianças e, por fim, a adultos. Curiosamente, a maior sensibilidade dos cães às vozes femininas pode dever-se ao facto de as mulheres utilizarem uma entoação mais exagerada e articularem melhor as vogais, especialmente quando falam com os seus patudos. Entre os cães estudados, de raças variadas e com idades entre os dois e os dez anos, todos estavam habituados a interagir com homens e mulheres no seu dia a dia. A análise revelou que as vozes femininas, quando dirigidas a cães, provocavam uma resposta cerebral mais intensa, o que sugere uma melhor perceção e atenção.

Da próxima vez que quiser que o seu cão preste mais atenção, lembre-se: desacelere, use um tom carinhoso e dê tempo ao seu patudo para processar o que está a dizer. Afinal, uma comunicação eficaz está no ritmo certo!