Estima-se que existam cerca de quatro milhões de cães a viver nas ruas da Turquia, o que levou o governo do país a aprovar uma nova e controversa lei, que está a gerar uma forte reação a nível global entre os defensores dos direitos dos animais. A legislação, apelidada de “lei do massacre” pelos ativistas, poderá abrir caminho ao abate de milhões de cães abandonados, obrigando assim os responsáveis pelos abrigos a procurar soluções para os animais, inclusive fora do país. Dois destes cães, Dali e Deezi, já encontraram uma nova oportunidade de vida fora da Turquia.
Nilgul Sayar, ativista e gestora de um abrigo em Istambul, revelou que já enviou centenas de cães para o estrangeiro. Ela destaca a colaboração com a organização Animal Care Projects, dos Países Baixos, que anuncia no seu site os cães disponíveis para adoção, já com toda a documentação e vacinação em ordem. O processo de adoção envolve uma visita às famílias interessadas e, se forem consideradas adequadas, os cães são enviados para os seus novos lares acompanhados por voluntários em voos internacionais. Nilgul acrescenta que tem atualmente cerca de 20 a 25 cães prontos para serem adotados.
Dali e Deezi foram um caso de sucesso. Encontram um novo lar nos Países Baixos
Dali, um cão com apenas três patas, cujo nome foi inspirado na famosa cadeira de três pernas de Salvador Dalí, é um dos animais que já chegou aos Países Baixos à espera de adoção. Deezi, passou quatro anos no abrigo de Nilgul e também já encontrou um novo lar. Caroline Dieleman, a neerlandesa que adotou a cadela de nove anos, descreve-a como uma companheira alegre e descontraída, que adora brincar com outros cães e passear. Deezi e Dali viajaram primeiro para a Bélgica, acompanhados por um voluntário, antes de serem transportados para os Países Baixos pela Animal Care Projects.
Apesar de parecer uma solução simples, adotar um cão de um abrigo turco não é fácil. O processo, que envolve vacinas e trâmites burocráticos, pode demorar até quatro meses e custar cerca de 1.000 euros.
Desde a aprovação desta lei, milhares de pessoas têm saído às ruas em protesto, questionando a capacidade das autarquias para construir abrigos suficientes. Há receio de que os cães possam ser colocados em espaços sobrelotados ou, no pior cenário, abatidos em massa. Tradicionalmente, as autoridades turcas castravam os animais de rua e devolviam-nos aos seus locais de origem, uma medida que, segundo os ativistas, se tivesse sido executada corretamente, teria evitado o aumento descontrolado da população de cães abandonados.