A ativista Bebiana Cunha lançou uma campanha a apelar aos portugueses que escrevam ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para pedir apoio na alimentação dos animais selvagens que sobreviveram aos incêndios devastadores. Apesar de os fogos já estarem extintos, os danos continuam a fazer-se sentir, sobretudo para a fauna que escapou às chamas, mas agora enfrenta outro inimigo: a falta de alimento. Esta situação, apelidada de “fome cinzenta”, tem causado preocupação entre ambientalistas, e Bebiana espera mobilizar o País para exigir uma resposta rápida do ICNF.
“Lancei a campanha nas redes sociais para incentivar as pessoas a escreverem ao ICNF, pedindo que alimentem os animais que sobreviveram aos incêndios. Até agora, não recebemos nenhuma resposta”, explica Bebiana, lamentando a situação crítica das zonas ardidas. “No Brasil já têm planos de alimentação para animais selvagens após incêndios, esperamos que o mesmo possa acontecer aqui”, afirma, acreditando que é possível implementar medidas semelhantes em Portugal.
Bebiana tem estado no terreno, a tentar ajudar como pode, tendo já levado alimentos para animais em Albergaria-a-Velha. Contudo, reconhece que as suas ações são insuficientes perante a escala do problema e apela a um plano de ação mais robusto, algo que só o ICNF pode proporcionar. Quanto mais pessoas aderirem a esta causa e pressionarem o ICNF, mais provável será a implementação de um plano de emergência para alimentar os animais. “Se este é um tema que te preocupa, junta-te a nós e escreve também ao ICNF. Pedir não custa!”, apelou a ativista nas suas redes sociais, partilhando os contactos do instituto para onde devem ser enviadas as solicitações.
“Fome cinzenta” e como podemos ajudar
Num outro apelo, Bebiana explica que o termo “fome cinzenta” se refere ao período de escassez de recursos após um incêndio, quando a vegetação que fornecia alimento e abrigo aos animais desapareceu. A ativista sugere também formas práticas de ajudar diretamente: “Podes contribuir deixando alimentos nas zonas afetadas, como bolotas, fruta e nozes, preferencialmente perto de fontes de água. Se não houver um local de abeberamento, coloca água também”, recomenda. Além disso, quem quiser pode escrever ao presidente do ICNF, Nuno Banza, solicitando medidas urgentes para alimentar os animais, ou até oferecer-se como voluntário, caso surjam oportunidades de apoio.
Os incêndios deste verão, que destruíram cerca de 135 mil hectares de floresta no centro e norte do país, deixaram milhares de animais selvagens desprotegidos e sem acesso a alimentos. Entre as espécies mais afetadas estão os javalis, coelhos-bravos, raposas, lobos, esquilos, texugos, ginetas, ouriços e diversas aves. Estas criaturas, que fazem parte do nosso ecossistema, precisam da nossa ajuda para sobreviver a esta fase crítica.
Venha fazer a diferença!