Há uma razão para a existência de gatos laranjas! Os cientistas descobriram e nós partilhamos consigo

Dois estudos recentes, um da Universidade de Stanford (EUA) e outro da Universidade de Kyushu (Japão), finalmente desvendaram o mistério genético por detrás dos gatos laranja. Prepare-se para um mergulho na ciência felina e descubra porque é que os nossos amigos peludos têm esta cor tão característica.


Laranja é o novo preto?

Antes de falarmos especificamente dos gatos, vamos a uma pequena lição de biologia. Todos os mamíferos produzem dois tipos de pigmentos:

  • Eumelanina: responsável por tons mais escuros, como preto e castanho.
  • Feomelanina: cria cores quentes, como o laranja e o amarelo-avermelhado.

Nos humanos, estas substâncias são reguladas por uma proteína chamada MC1R. Dependendo da sua ação, produzimos mais eumelanina ou feomelanina. É por isso que pessoas ruivas têm tons avermelhados e pessoas de pele escura acumulam mais pigmentos escuros.

E os gatos? Ah, os gatos têm de ser diferentes!


O Locus Laranja: O segredo está no X

Nos gatos, a decisão entre laranja ou preto não é ditada pelo receptor MC1R, mas sim por um gene específico localizado numa área do genoma chamada locus laranja. Este locus tem duas variantes:

  • O: promove a produção de feomelanina (laranja).
  • o: estimula a produção de eumelanina (preto).

Agora, a parte mais interessante: o locus laranja encontra-se no cromossoma X, e isso tem implicações fascinantes.

Porque é que as fêmeas são as verdadeiras artistas?

As gatas têm dois cromossomas X (XX), enquanto os machos têm apenas um (XY). Durante o desenvolvimento das fêmeas, uma das cópias do cromossoma X é desativada em cada célula de forma aleatória. Se uma gata tiver uma cópia com a variante O e outra com a variante o, o seu pelo será um verdadeiro mosaico de laranja e preto. É assim que nascem as famosas gatas tricolores (preto, laranja e branco) ou bicolores (preto e laranja).

Cada padrão é único e irrepetível, uma obra-prima genética. Já os machos, com apenas um cromossoma X, podem ser apenas laranja ou preto. Exceções? Apenas aqueles com uma alteração genética que lhes dá um cromossoma X extra (XXY), algo semelhante à síndrome de Klinefelter nos humanos.

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A cor de Garfield e os outros felinos laranja

Os gatos laranja, como Garfield, são um exemplo perfeito do poder da feomelanina. Mas os estudos mostram que a sua cor não é apenas uma questão de genética; é também um símbolo de exclusividade. Para além disso, as gatas tricolores — frequentemente chamadas “escamas de tartaruga” — são um lembrete de como a genética pode criar padrões incrivelmente complexos e fascinantes.


Gatos: sempre diferentes, sempre fascinantes

Se o seu gato laranja ronrona aos seus pés enquanto lê este artigo, pode sentir-se privilegiado — ele é o resultado de milhões de anos de evolução, uma pequena peça num quebra-cabeça genético que só agora começamos a desvendar!

Afinal, os gatos são muito mais do que simples companheiros. Eles são, literalmente, fenómenos científicos ambulantes. E quem pode resistir a um mistério genético com olhos brilhantes e um bigode perfeito?