Se é tutor de um cão, já deve ter reparado em momentos em que ele parece tão feliz que se questiona: será que ele está a rir ou até mesmo a sorrir? Afinal, os cães são mestres em espelhar as nossas emoções – ficam animados quando estamos alegres e até parecem compreender quando estamos tristes. Mas será que conseguem mesmo rir como nós?
A resposta, como muitas coisas no reino animal, é um misto de ciência e fascínio. Vamos explorar este comportamento intrigante e perceber como os cães demonstram felicidade… à sua própria maneira.
Os cães riem? Sim… e não
Antes de imaginar o seu cão a contar piadas na sala, convém esclarecer: os cães não riem no sentido humano da palavra. O riso humano é um fenómeno complexo, que envolve a vocalização e uma boa dose de contexto emocional. No entanto, os cães têm um som muito particular que pode ser considerado um “riso à maneira deles”.
Esse som ocorre frequentemente durante brincadeiras – uma respiração ofegante, expelida com força, que não é apenas cansaço físico. Segundo a especialista em comportamento animal Patricia Simonet, esta “ofegação” brincalhona tem frequências diferentes das respirações normais de um cão e pode ser interpretada como uma forma rudimentar de riso.
Patricia gravou estes sons e mostrou-os a outros cães. O resultado? Os cachorros ficaram visivelmente animados, prontos para brincar. Em abrigos para animais, as gravações acalmaram cães ansiosos, sugerindo que este som tem um impacto positivo no seu bem-estar.
Portanto, se o seu cão fizer um “hhuh hhah” durante uma brincadeira, é muito provável que ele esteja a expressar a sua felicidade, ainda que à sua maneira.
E quanto aos sorrisos?
Aqui entra um fenómeno que os tutores conhecem bem: o famoso “sorriso de cão”. Pode não ser um sorriso no sentido literal, mas é difícil resistir a interpretar como tal quando vemos um cão relaxado, com a boca ligeiramente aberta, os lábios puxados para trás e a língua a espreitar descontraidamente por entre os dentes.
Os cães parecem sorrir sobretudo quando estão relaxados e contentes. Este comportamento é muitas vezes uma resposta ao sorriso humano – algo chamado contágio do riso, que reflete o vínculo emocional entre o cão e o tutor.
Portanto, quando está a sorrir para o seu cão e ele lhe devolve aquele olhar de felicidade “canina”, não se engane: ele pode não estar a imitar o seu sorriso de propósito, mas certamente está a partilhar a sua alegria.
Como perceber se o seu cão está feliz?
Se os cães não riem ou sorriem como nós, como demonstram felicidade? É aqui que entra a magia da linguagem corporal.
Ao contrário do que se pensa, abanar a cauda nem sempre é sinónimo de felicidade – pode significar excitação ou até nervosismo, dependendo da posição da cauda. Uma cauda em posição neutra geralmente indica relaxamento, enquanto uma cauda baixa sugere submissão ou ansiedade, e uma cauda erguida pode ser sinal de alerta ou agressividade.
Para avaliar a felicidade do seu cão, basta dar uma vista de olhos, aqui!
E se quiser fazer o seu cão “rir”?
Alguns tutores adoram tentar imitar o riso canino para estreitar os laços com o seu amigo peludo. Se quiser experimentar, aqui vai a receita:
- Faça um círculo com os lábios e sopre para criar o som “hhuh”.
- Abra ligeiramente a boca e faça um som mais suave, “hhah”.
- Alterne entre os dois sons, mantendo um ritmo ofegante.
Este truque pode parecer estranho, mas muitos cães reagem com curiosidade, abanando a cauda ou aproximando-se para investigar. Afinal, para eles, qualquer interação com o tutor é uma oportunidade para fortalecer a relação.
Rir ou sorrir, o importante é a felicidade
Seja através de um som ofegante ou daquele “sorriso canino” irresistível, os cães têm formas únicas de demonstrar que estão felizes. E embora não possam contar anedotas ou rir das nossas piadas, a verdade é que sabem como fazer-nos sorrir – e isso, convenhamos, vale mais do que qualquer gargalhada.
Por isso, da próxima vez que o seu cão o olhar com aquele focinho aparentemente sorridente, retribua. Afinal, o mais importante não é se os cães conseguem rir ou sorrir como nós, mas sim a felicidade genuína que partilhamos com eles. E essa, meu amigo, é impossível de fingir.