O amor tem limites! Estes são os motivos pelos quais não devemos tratar os nossos animais de estimação como humanos

Os nossos animais de estimação têm vindo a conquistar um lugar cada vez mais especial na nossa vida. Olhamos para eles como companheiros leais, confidentes e, para muitos, verdadeiros membros da família. Mas até que ponto tratar o nosso cão ou gato como se fosse uma pessoa é realmente bom para eles? Os especialistas dizem que não é, e isso deve fazer-nos pensar.

O treinador de cães, Joel Ponte, dá-lhe dicas essenciais no novo episódio de “Manual do Tratador”, aqui!

O amor com limites!

Todos queremos o melhor para os nossos amigos. Mas à medida que os tratamos como humanos, acabamos por ignorar as suas necessidades reais como animais. Segundo James Serpell, professor emérito de ética e bem-estar animal da Universidade da Pensilvânia, “quanto mais tratamos os animais como pessoas, mais restritas e dependentes de nós se tornam as suas vidas”. Esta dependência pode levar a problemas comportamentais e de saúde, como ansiedade e obesidade.

Pense no seguinte: um cão que passa o dia inteiro deitado no sofá – por mais confortável que seja – está a perder a oportunidade de explorar, farejar e gastar energia, comportamentos naturais que fazem parte do seu bem-estar. Gatos que são tratados como decoração – e não como pequenos predadores – podem acabar frustrados, entediados e mais propensos a problemas como urinar fora da caixa.

Humanizar não é mimar (e vice-versa)!

É fácil confundir cuidado com humanização, mas há uma linha muito clara entre os dois. Mimar o seu animal é oferecer-lhe uma vida cheia de carinho e atenção – o que é maravilhoso. Humanizar é tratá-lo como algo que ele não é.

Um exemplo? Muitos tutores oferecem dietas pouco adequadas, como comida vegana ou doces humanos, porque acreditam estar a agir com bondade. Contudo, os animais têm necessidades nutricionais específicas: um gato, por exemplo, é um carnívoro obrigatório e precisa de carne para sobreviver. Trocar o atúm por tofu não é “saudável”; é perigoso.

Outro exemplo comum é a falta de limites. Muitos donos não educam os seus animais por medo de os “magoar”. Mas a verdade é que um cão ou gato precisa de estrutura e disciplina para se sentir seguro. Sem isso, comportamentos destrutivos ou agressivos podem surgir.

Eles precisam de ser o que são: animais!

O que os animais realmente querem é a liberdade de agir como cães e gatos. Um cão quer correr, farejar e interagir com outros cães. Um gato quer subir, caçar (ainda que seja um brinquedo) e ter o controlo do seu espaço.

Quando os tratamos como humanos, podemos “roubar” essas experiências essenciais. Imagine um cão que nunca pode passear sem trela porque o dono tem medo que ele se suje, ou um gato que vive fechado numa casa minimalista, sem arranhadores ou brinquedos que simulem a caça. O resultado? Um animal frustrado, que pode desenvolver comportamentos como latir em excesso, urinar fora do lugar ou mesmo tornar-se agressivo.

Como equilibrar o amor e o respeito?

A solução não é amar menos os nossos animais, mas sim amá-los pelo que eles são. Aqui ficam algumas dicas para equilibrar a relação:

  • Proporcione ao seu animal atividades que respeitem as suas necessidades naturais, como passeios longos para cães e brinquedos de caça para gatos.
  • Invista em uma alimentação apropriada para a espécie dele, evitando “modas” que não sejam baseadas na ciência.
  • Defina limites claros e consistentes. Um “não” hoje pode evitar problemas maiores no futuro.
  • Entenda que é normal que os seus animais sujem, arranhem e explorem – isso faz parte de quem eles são.

Os nossos animais não precisam de ser humanos para serem amados; precisam apenas de ser tratados como animais, com tudo o que isso implica. Amar verdadeiramente o seu pet é respeitar as suas diferenças e oferecer-lhe uma vida que o permita expressar-se de forma plena. Afinal, eles já são perfeitos do jeito que são: cães e gatos que nos amam incondicionalmente. E isso é mais do que suficiente.